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O trio do TRI


Dizem que o cara lá de cima escreve certo por linhas tortas. Essa escrita sinuosa tinha começo não sei bem onde, sei só seu fim. Eu nem lembro como eu conheci o “mano”, mas pouco importa. Parece que cada um tem um papel, e o do “mano” foi surgir pra mim e pra minha irmã junto com o ressurgimento do Grêmio. Me lembro que em um dos primeiros churrascos que fizemos no meu apartamento quando ainda nos conhecíamos muito pouco, vi ele vibrando comigo após um 3x0 sobre o Atlético-MG em minas no brasileirão de 2016 dizendo pra mim: “Traz a taça mano, já era”. E eu pensei: “O que faz ele acreditar que uma simples vitória acabará com um jejum de 15 anos?”. As pessoas novas que entram na nossa família tem sempre a “culpa” da minha irmã. A mesma irmã que chorou comigo naquele junho de 2007 na Goethe e que viveu todo aquele quase eterno castigo, mas que felizmente acabou. O Maurício, hoje pra nós “mano”, ganhou essa nomenclatura por se dar tão bem conosco e com o resto da nossa família. Ele chama minha mãe de mãe, nada mais justo que chamá-lo de “mano”. A festa do fim do jejum veio no ano passado e nós já não cabíamos mais de alegria, ninguém imaginava já no ano seguinte tocar o céu e ainda mais do jeito que foi. A Copa Libertadores de 2017 foi a mais longa da história e alentar o imortal tricolor era um dever que se prolongaria por muito tempo, resumidamente, o ano todo. Dentre os momentos marcantes nessa campanha anual não faltaram os preferidos, seja com um frio de 4 graus no bar aberto do Lipe ou com um golaço de falta do Edilson filmado ao vivo pela minha irmã no meu apartamento. Não podíamos ver sempre juntos ou no mesmo lugar os jogos, mas ao longo da competição os encontros foram sendo calibrados até que a perfeita harmonia se estabelecesse. Descobrimos que o Grêmio ganhava TODOS os jogos que víamos no meu apartamento com tão somente nós três. Virou regra. Meu apartamento ganhou o apelido de Bonfa Copeiro. Não tínhamos mais jeito de explicar para outras pessoas o que nosso coração pedia: “Precisamos ver esses jogos até o final somente nós três e sabemos bem onde!”. Tínhamos medo de ser mal educados e não convidar mais ninguém, mas assim fizemos. Fase grupos, oitavas na Argentina, quartas no rio, semifinais no Equador e de repente uma final contra um aspirante ao título pela primeira vez. Confesso que isso me preocupou muito, mas as minhas aflições pré-duelo final foram contadas em outro episódio (Carta de um gremista para ele mesmo). Prefiro contar outros trechos. Brincávamos ao buscar qualquer coincidência por menor que fosse com o número três, qualquer coisa que remetesse ao tri campeonato. Pra começar, éramos três. No dia da final minha irmã me contou que ao sair da faculdade o carro dela só pegou na terceira tentativa. Nunca contei pra ela, mas isso também aconteceu comigo três dias antes (achei que ela acharia que era mentira). Ao chegar minha irmã perguntou onde eu tinha deixado a camisa do Grêmio dela, e eu disse: “Na terceira gaveta do roupeiro”. Nos olhamos e dissemos juntos: “Meu Deus, o tri vem!” era tudo muita coincidência. Faltavam 5 minutos para começar o jogo final na Argentina contra o Lanus e nos olhamos e apertamos as mãos os três juntos. Da boca de cada um saiu um verso, três corações saltando pela boca e que talvez não lembrem devido à emoção da hora, mas quase que entoamos em perfeita sincronia: “Vivemos tudo isso e agora seja o que Deus quiser”. Lembro me disso com uma nitidez assustadora. Com 5 minutos de jogo, eu já havia entendido, o Grêmio seria tri da América. Aos 20 minutos minha irmã já tinha sumido junto com sua ansiedade e nem deu tempo dela ver o gol de Fernandinho, mas nossos gritos acusaram. Era o início da maior de todas as festas. A emoção era tamanha e uma obra de arte estava para ser apresentada ao mundo e nós ainda comemorávamos apenas aquele gol. A minha irmã estava atirada no chão, não conseguia ver. Aos 41 minutos do primeiro tempo eu e o “mano” olhamos o Luan passar por todos os jogadores do Lanus e completar a mais bela obra de arte da Libertadores, provocando em nós quase que um ataque cardíaco. Minha voz já tinha ido embora. Ali sabíamos, é Tri da América! O resto do tempo era só reza para que acabasse logo. O Grêmio era pleno, era completo, tinha Artur jogando de terno, Geromel absoluto numa defesa intransponível, Grohe operando milagres, Luan regendo toda essa orquestra e Renato Portaluppi no comando do um grupo libertador. Um grupo de homens, libertadores de América como diz a história que da nome a Copa. Eu sei, vão dizer que é só futebol, não me importo. Sabe com o que eu me importo? Com tudo isso que eu vivi dentro desse trio que conquistou a América novamente. Amo vocês, amo nosso Grêmio e choro toda vez que lembro de tudo isso. Nunca vou esquecer o que vivemos em 2017, de coração. E sei que vocês também não esquecerão. Não sei se o trio do Tri da América se tornará o trio do Bi Mundial, mas pouco importa. Vou contar essa história sempre que puder e quiser. Afinal, o Grêmio é Tri campeão e o...

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