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Por um mundo cheio de Biancas


Estávamos cercados por centenas de anônimas testemunhas em meio a uma confusão formada por um vai e vem seguido do som de autofalantes, nada demais para o ambiente caótico formado por um aeroporto de uma grande cidade. Foi então que chorando após me dizer adeus, ela sussurrou no meu ouvido direito a frase: “Vou te esperar!” Forte, impactante, marcante, eu diria. Como uma de tantas novelas que nunca olhei, mas que faziam parte da rotina de Bianca. E assim como a imaturidade sagaz presente no semblante de 22 anos de idade, ficou evidente também que algo não se encaixava, que algo estava fora do lugar e fui descobrir cerca de dois meses depois. Sempre pensei que uma grande diferença de idade em um relacionamento não necessariamente devesse ser um problema, mas naquele caso foi. Imaginava que a imaturidade dela colocasse tudo a perder a qualquer momento, como de fato aconteceu, mas não imaginava que fosse da maneira covarde que foi. Sei que ficar um ano longe seria difícil e talvez uma visita não bastasse, mas a verdade é que ninguém é perfeito e simplesmente talvez não fosse possível fazê-lo. Eu só queria tentar, era difícil eu sei. Terminar um relacionamento de três anos via um email que viajou dez mil quilômetros em fração de segundos e bloquear sua caixa postal para nem mesmo receber uma resposta, me parece um “pouco” imaturo de fato. Se existe um divisor de águas, eis que ele se fez presente naquele momento. A imaturidade de Bianca me fez crescer, ficar forte e me tornar o homem que sou hoje. Bianca me fez tão bem, me fez perceber que não só a vida sem ela poderia ser um paraíso, mas que era bom sim viver sozinho. Se eu tivesse a oportunidade de conversar com ela pessoalmente hoje, talvez do fundo do meu coração agradecesse “tudo” que ela fez por mim. Isso mesmo, agradecer um email. Bianca infelizmente nunca poderia aproveitar meu novo eu, pois se ainda estivéssemos juntos, ela estaria junto com o meu velho eu. Pobre Bianca, estava fadada a nunca conhecer meu novo eu, mas quem sabe conhecer o novo eu de alguém. A questão é, será ela ainda a velha Bianca? Uma pergunta que talvez só ela saiba responder. Talvez Bianca tenha sido um erro, talvez não, no fim das contas. Nunca saberei, mas sei que todos nós aprendemos com nossos erros, então gosto de pensar que ela foi sim um erro. Um erro necessário. Gostaria de desejar a todos uma Bianca pra te abrir os olhos, para te fazer melhor, para te dizer que nem tudo são flores, que o mundo é grande e as Biancas são apenas a minoria. A coincidência é que após conhecer a tradução de Bianca em italiano e descobrir que significava “branca” ou “clara”, muito claro ficou pra mim que ela foi um mal necessário. Em outras palavras, se fosse desejar algo no dia de hoje, desejaria um mundo cheio de Biancas.

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