E depois?

A mente humana fica muitas vezes se atarefando em vão com algumas perguntas, sejam elas importantes ou não, sempre resolveremos. Assim como todos nós, eu sempre tive um sonho. Pensava como iria realizá-lo, conseguir ou não era uma questão já resolvida. Eu faria. E fiz. Talvez por não haver um plano B ou quem sabe pelo foco excessivo. A verdade é que não interessa muito, fui lá e fiz. Sonhei desde adolescente em estudar no exterior, não importava onde, queria aquilo como jamais quis outra coisa. O engraçado é que sempre pareceu impossível devido às circunstâncias iniciais. Um garoto de uma counidade pobre não tem vez em um mundo tão grande, estava fadado ao fracasso de uma pequena vila distante da cidade. Apenas mais um que cedo ou tarde casaria e teria um emprego qualquer para sustentar sua mulher e talvez mais de um filho com muita dificuldade, como a maioria dos meus amigos de infância, mas eis que tudo sorriu pra mim. Talvez uma sorte tremenda, quem sabe. Uma das coisas que mais me atormentava era como fazê-lo ou por onde começar. Decidi não dar um primeiro passo, mas sim enxergar o topo. Analisar os fatos na ordem inversa, bem como provar um teorema em matemática. Olhe o resultado final e pense no penúltimo passo e depois no anterior. Assim por diante. Deu certo, fui e já voltei. Uma experiência incrível, e como eu precisava disso, só eu sei o quanto. Mas e agora? E depois de realizar um sonho? Sim, essa era uma das perguntas que sempre me fiz. Ela sempre foi deixada de lado na proporção inversa com a qual eu me detinha em realizar aquele sonho. Talvez por isso nunca soubesse respondê-la. Agora eu só tenho a ela, o que faço? Empilho outro? E depois? Decidi não me atormentar mais com isso, vou empilhando e olhando tudo na ordem inversa, parece que dá certo. Pelo menos foi assim que um menino cheio de apenas um sonho se tornou um homem com mais de mil deles.